Um novo estudo examina os diferentes benefícios de quatro tipos de meditação

Por Kira M. Newman
in Greater Good | 11 de outubro de 2016  ver artigo original

Apesar do crescente interesse em relação aos efeitos das práticas ligadas à mente, como a meditação, ainda há muita ambiguidade sobre se, e até que ponto, as várias práticas existentes podem ter diferentes efeitos a nível psicológico. Para preencher esta lacuna, as dras. Bethany Kok e Tania Singer, investigadoras do Departamento de Neurociência Social do Instituto Max Planck, em Leipzig, Alemanha, compararam os efeitos de quatro práticas bastante comuns de meditação e a sua influência sobre o vaguear da mente, a metacognição e a interocepção, medindo, para o efeito, os níveis de alteração dos estados mentais.

O novo estudo, publicado em agosto último no jornal científico Mindfulness, teve por base um universo de 229 adultos, com uma idade média de 41 anos, sem qualquer experiência prévia de meditação. O programa constou de um curso de nove meses de mindfulness, com relatórios diários antes e após a prática da meditação. Os participantes receberam formação em três módulos sucessivos de três meses cada, sendo que as práticas da atenção plena à respiração e do rastreio do corpo foram ensinadas em conjunto: o primeiro, ‘Presença’, incluiu a meditação da atenção plena à respiração e rastreio do corpo; o segundo, ‘Influência’, a meditação da bondade amorosa; e a terceira, ‘Perspectiva’, centrou-se na meditação da observação dos pensamentos. Cada módulo incluiu três dias de retiro e duas horas por semana de sessão de grupo, mais cinco dias por semana de prática em casa. Antes e após cada sessão, os participantes preencheram questionários online sobre os pensamentos e emoções sentidas meia-hora antes e durante as sessões de meditação, dando assim uma ideia geral sobre o impacto da prática nas suas mentes.

Todas as quatro práticas, incluindo a meditação da atenção plena à respiração, mostraram aumentar as emoções positivas, a energia e a atenção focada no presente, e diminuir os pensamentos distrativos, conforme aparece salientado no estudo.

A investigação, ao usar um modelo de comparação multinível, descobriu que cada tipo de meditação tem um tipo de benefícios particulares associados. “Descobrimos que o rastreio do corpo era a prática que levava a um maior aumento da consciência interativa e a uma maior diminuição de pensamentos intrusivos, principalmente os de carácter negativo e os relacionados com o passado ou o futuro; a meditação metta (do amor incondicional) foi a que mostrou maior aumento de sentimento de calor humano e de pensamentos positivos em relação ao outro; e a meditação da observação dos pensamentos a mais efetiva na metacognição ou consciência abrangente.

As descobertas produzidas pela investigação sugerem que, independentemente dos efeitos benéficos comuns das quatro práticas estudadas, “cada uma delas pode ainda ser caracterizada por uma distinta impressão digital psicológica de curto prazo, com implicações importantes no uso de práticas meditativas em diferentes contextos de intervenção e de população”, realçam Kok e Singer.

Estas descobertas oferecem insights do que poderá ser a prática da meditação na área da saúde mental. “O tipo de meditação é importante”, explicam as duas investigadoras. “Cada prática parece criar um ambiente mental distinto, cujas consequências a longo-prazo só agora começam a ser exploradas.”

Este estudo é parte de um projeto de investigação mais abrangente, o ReSource Project, o qual também está a examinar como estas diferentes práticas de meditação podem afetar a estrutura do cérebro, o stress e o comportamento social.

• Tradução para português e edição por Mindmatters