Mindfulness mostra-se prometedor no tratamento da ansiedade juvenil

Por Rick Nauert
in PsychCentral | 21 de julho de 2016  ver artigo original
As perturbações de ansiedade estão entre as condições psiquiátricas mais comuns entre crianças e adolescentes. Embora os antidepressivos sejam frequentemente usados no tratamento de jovens com estes sintomas, acontece, por vezes, estes serem mal tolerados em crianças em risco elevado de desenvolvimento de doença bipolar.
Um novo estudo conduzido por uma equipa de cientistas da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos, investigou até que ponto a terapia cognitivo-comportamental baseada em técnicas de mindfulness como a meditação, a introspecção e a discussão orientada por facilitador, pode servir de complemento ao tratamento farmacológico.
Este estudo, publicado no Journal of Child and Adolescent Psychopharmacology, observou imagens do cérebro de jovens obtidas antes e após sessões de terapia baseada em mindfulness, tendo sido encontradas mudanças em regiões do cérebro responsáveis pelo controlo do processamento emocional.
O artigo faz parte de um estudo mais alargado sobre a eficácia da terapia baseada em mindfulness, o qual está a ser conduzido pelos investigadores Melissa DelBello e Sian Cotton.
Dentro de um pequeno grupo de jovens diagnosticados com perturbações de ansiedade (generalizada, social e/ou de separação) e com progenitores (um ou ambos) com doença bipolar, os investigadores avaliaram, em termos de neurofisiologia, a terapia cognitiva baseada em mindfulness em crianças consideradas em risco de desenvolvimento de perturbação bipolar.
O dr. Jeffrey Strawn, um dos investigadores envolvidos, explicou algumas atividades importantes a nível cerebral em relação a crianças que receberam esta terapia:
“A nossa observação preliminar de que a terapia mindfulness aumenta a actividade na parte do cérebro conhecida como giro do cíngulo, responsável pelo processamento da informação cognitiva e emocional, é relevante. Este estudo, quando observado em conjunto com anterior investigação, faz aumentar as chances de um tratamento relacionado com o aumento da atividade cerebral do córtex cingulado anterior durante o processamento emocional poder melhorar esse mesmo processamento em jovens com ansiedade e em risco de desenvolvimento de perturbação bipolar.”
Os dados revelados por este estudo em relação ao aumento da actividade cerebral na região conhecida como ínsula, é de grande interesse, referiu o dr. Strawn. Tal deve-se ao facto da ínsula ser a parte do cérebro responsável pelo monitorização e resposta às condições fisiológicas do corpo.
Neste teste-piloto, nove participantes com idades compreendidas entre 9 e 16 anos, foram submetidos a exames de ressonância magnética (fMRI) enquanto desenvolviam testes de desempenho com distratores emocionais e neutros; os exames foram realizados antes e após um programa de 12 semanas de terapia cognitiva baseada em mindfulness.
Os investigadores encontraram vários benefícios ligados a esta intervenção mindfulness. O dr. Cotton explicou que os valores de ansiedade verificados após o tratamento eram significativamente mais reduzidos. Mais, o aumento dos valores mindfulness estava diretamente ligado à diminuição da ansiedade. Segundo Cotton:
“As intervenções terapêuticas baseadas em mindfulness promoveram a utilização de práticas meditativas de consciência sobre pensamentos, emoções e sensações físicas no sentido de uma gestão mais eficaz das experiências negativas (…) esta abordagem mais integrativa alarga o campo de tratamento e oferece novas estratégias para enfrentar o stress psicológico.”
Cada vez mais, pacientes e familiares solicitam outras opções terapêuticas – que venham somar aos tratamentos mais tradicionais baseados na medicação -, que se têm provado eficazes na redução de sintomas. As terapias baseadas em mindfulness dirigidas às perturbações de estados de humor são um desses exemplos, estando as suas prometedoras evidências a ser estudadas e implementadas na Universidade de Cincinnati, disse Cotton. Ao que Strawn acrescentou:
“O caminho que vai desde o entendimento inicial dos efeitos da psicoterapia na actividade cerebral até à identificação de marcadores de resposta ao tratamento constitui um desafio, o qual vai exigir mais estudos sobre aspectos específicos dos circuitos de processamento emocional.”
Tradução de Raul C. Gonçalves

 

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