Terapia ‘mindfulness’ reduz recaídas no uso de drogas

Joan Arehart-Treichel | Riki Blanco (ilustração)
in Psychiatric News  ver artigo original
A taxa de recaídas no tratamento de dependências de drogas é particularmente elevado, o que ressalta a necessidade urgente por intervenções eficazes pós-tratamento. Um novo estudo descobriu que tanto a terapia cognitivo-comportamental de prevenção de recaídas (RP, sigla em inglês) como a terapia de prevenção de recaídas baseada em mindfulness (MBRP, sigla em inglês) são igualmente eficazes como cuidados pós-intervenção no tratamento de abuso de substâncias, sendo que a última poderá ter um efeito particularmente prolongado no que se refere à redução do consumo regular de drogas e álcool. O estudo foi conduzido pela dra. Sarah Bowen, professora assistente de psiquiatria e ciências comportamentais na Universidade de Washington. Os resultados foram publicados, em março de 2014, na revista científica JAMA Psychiatry.
A RP ajuda os pacientes a identificar as situações de contexto capazes de precipitar as recaídas e ensina-lhes como as evitar ou a lidar com elas. A MBRP é baseada em alguns aspetos da RP, como a identificação de situações precipitadoras de recaídas. No entanto, esta terapia também inclui aulas de mindfulness, ensinando os pacientes a como ficar atentos aos estados físico e emocionais capazes de provocarem recaídas, a aprendizagem de como lidar de forma mais hábil com o desconforto provocado por esses estados e de como identificar vontades subjacentes capazes de levar a um estado de anseio, como a necessidade por alivio ou conforto.
O estudo incidiu sobre 286 pessoas que haviam completado um tratamento a distúrbios por abuso de substâncias, as quais foram divididas, aleatoriamente, em três grupos, durante 8 semanas: um, com um programa tradicional de discussões em grupo; outro, com terapia de “prevenção de recaídas”; e, um último, com um programa baseado em mindfulness, envolvendo sessões de meditação para desenvolver a auto-consciência.
Acompanhamento dos resultados
Após três meses da conclusão dos programas, não foram encontradas quaisquer diferenças entre os três grupos. Após seis meses, tanto os grupos RP como MBRP apresentaram uma significativa redução do risco de recaída ao uso de drogas e/ou de álcool em comparação com o grupo que tinha recebido tratamento tradicional. E, finalmente, após 12 meses, o MBRP mostrou-se ser ainda mais efetivo do que o RP.
“Trata-se de um estudo muito interessante”, declarou o dr. John Renner, chefe de psiquiatria da VA Boston Healthcare System e especialista no tratamento da dependência, ao Psychiatric News. “Dá-nos uma útil comparação sobre a eficácia da terapia cognitivo-comportamental de prevenção de recaídas e a prevenção de recaídas baseada em mindfulness. Estudos anteriores sobre o uso de tratamentos baseados em mindfulness em distúrbios pelo uso de substâncias têm sido promissores, porém o acompanhamento dos dados limitavam-se a entre dois a quatro meses. O acompanhamento por 12 meses deste estudo é um dado de grande relevo, uma vez que a questão da eficácia dos tratamentos a longo prazo é uma questão crítica em qualquer intervenção sobre o uso abusivo de substâncias (…) Este follow-up de 12 meses sugere que a terapia de redução de recaídas baseada em mindfulness pode ser mais eficaz a longo prazo do que o terapia cognitivo-comportamental de prevenção de recaídas. Os médicos vão estar certamente atentos à questão destes importantes indicadores poderem ser replicáveis.” O dr. Renner pertence ao Conselho Psiquiátrico sobre Adição da Associação Americana de Psiquiatria (APA, sigla em inglês).

Edição e tradução de Raul C. Gonçalves

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