No seu discurso de formatura na Universidade Naropa, Pema Chödrön explica que se há uma coisa sobre a qual todos precisamos praticar é como falhar bem.
Quando a Universidade Naropa me pediu que indicasse o tópico do meu discurso, decidi não o enviar porque achei que se o fizesse não me iriam permitir que o apresentasse! O meu discurso é inspirado numa citação de Samuel Beckett, que diz o seguinte: “Falha! Falha outra vez! Falha melhor!” Aquilo que eu pensei foi que, se há uma habilidade que não é muito valorizada, mas que é realmente necessária, é a de lidar bem com o fracasso. A nobre arte de falhar. Dá-se imenso ênfase ao sucesso. E, sejamos ou não sensíveis a toda essa propaganda, todos queremos ser bem sucedidos, especialmente se considerarmos como sucesso “aquilo que tem o resultado pretendido”. Sentimo-nos física e emocionalmente bem quando tudo dá certo. A partir desta definição, falhar passa a ser tudo o que não acontece da forma que pretendemos. E falhar é algo para o qual não estamos habitualmente preparados. Se há alguma coisa que, na minha opinião, nos pode dar pistas de como agir quando as coisas não acontecem como queremos, é a educação contemplativa. A partir dela, recebemos instrução, encorajamento e apoio no sentido de sentirmos como os acontecimentos impactam em nós – não se trata de nos deixarmos arrastar por eles, mas antes de assumirmos a responsabilidade por tudo o que nos acontece e de desenvolvermos algumas ferramentas para lidar com as emoções dolorosas. Portanto, falha, falha outra vez, falha melhor. Esta é a forma para se ficar bem perante a crua vulnerabilidade no nosso coração.
_______________________ n.d.r. Publicado originalmente em “Lion’s Roar”