Mindfulness melhora concentração em pessoas ‘multitasker’
Melhoria da capacidade de concentração é associada à meditação mindfulness, indica estudo da Universidade de Wisconsin-Madison.
Por Ali Venosa | Esther Aarts (ilustração) in Medical Daily | 23 de abril de 2016 ver artigo original
Evitar a tecnologia é algo impossível no século XXI. Televisão, smartphones, internet, iPods: todos eles requerem atenção. Aqueles que usam normalmente diferentes formas de média ao mesmo tempo – mandar mensagens enquanto se assiste a um filme ou ouvir música ao mesmo tempo que se navega na net – costumam apresentar dificuldades de concentração quando perante uma só tarefa. E, no entanto, conseguir que essas pessoas prestem atenção pode ser tão fácil quanto respirar. Uma equipa de investigadores da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, demonstraram que uma curta prática de meditação pode ajudar os “media multitaskers” a apurar os seus sentidos.
“Todas as pessoas, de uma forma geral, funcionam melhor após estes exercícios de mindfulness”, declarou o dr. Thomas Gorman, coordenador do estudo. “No entanto, encontramos diferenças significativas nas pessoas fortemente “media multitaskers”. A melhoria do seu desempenho nos testes de concentração são ainda maiores”, disse.
Mas, à medida que as tecnologias são cada vez mais omnipresentes, fica mais difícil as pessoas fazerem “equilibrismo” entre os vários média à sua disposição.
“Muitas pessoas já tiveram a experiência de sentir um telemóvel fantasma a tocar ou a vibrar no bolso. Isto significa que parte da sua atenção estava ativamente a monitorar a perna, mesmo quando estavam a fazer outra coisa”, disse o dr. Shawn Green, coautor do estudo e professor de psicologia da UW-Madison.
Green acrescentou ainda que a monitorização constante de fontes potenciais induz imenso stress e, consequentemente, interfere com o estado de atenção da pessoa. Vários estudos têm sugerido que aqueles que são mais suscetíveis a serem distraídos por várias formas de média ao mesmo tempo têm pior desempenho nos testes de concentração, mesmo quando os equipamentos são retirados. Estes resultados constituem uma má notícia para os adictos da média, já que significam que a sua concentração para trabalhar e se relacionar socialmente é igualmente afetada.
No entanto, trabalhos anteriores mostraram que um simples exercício de meditação guiada é útil àqueles que se debatem com problemas para manter a concentração. Basta contar o número de respirações: nove inspirações e expirações.
“Achamos que este trabalho de atenção plena seria particularmente vantajoso nos casos de “media multitasking” porque ele é, conceitualmente, o oposto do multi funcionamento. Concentra a atenção numa única coisa, a qual não é particularmente exigente da atenção”, explicou o dr. Green.
Esta prática requer concentração, uma vez que a mente é dada a divagar durante um exercício tão simples.
“Ninguém consegue manter-se focado indefinidamente. Quando notamos que a nossa atenção está a fugir, trazemo-la de volta, tantas vezes quanto as necessárias. O que estamos a fazer é praticar essa habilidade, a capacidade de voltar a focar a atenção”, disse Gorman.
Os participantes do estudo, todos eles “culpados” de “media multitasking”, foram comparados com um grupo de controlo que raramente combinava médias. Ambos os grupos realizaram testes para medição da concentração: primeiro, intercalado com navegação na internet; e, no segundo dia, precedido de um exercício de meditação. Sem surpresa, o grupo “multitasker” obteve pior pontuação nos testes de concentração. No entanto, ambos os grupos obtiveram melhores resultados depois do exercício de respiração.
“Estamos cientes que, neste caso, os efeitos benéficos não são prolongados, uma vez que eles não foram realizados de forma continuada durante dias. No entanto, se há uma coisa que os efeitos de curta duração sugerem é que o sistema da atenção não é afetado de forma irreversível. É possível as pessoas mais fortemente “media multitaskers” adotarem um estado de atenção mais focado.