O mindfulness é visto frequentemente ou como uma moda passageira simpática ou como uma importante ferramenta capaz de elevar a um novo patamar o funcionamento de toda uma organização. Um novo e detalhado ensaio sobre investigação em mindfulness, levado a cabo na Case Western Reserve University, aponta para a segunda tese: inserir uma cultura empresarial mindfulness não apenas melhora a concentração, mas também a habilidade para gerir o stress e a forma como os trabalhadores funcionam em conjunto.
in Science Daily | 10 de março de 2016
“Historicamente, as empresas têm-se mostrado reticentes em introduzir o ensino de mindfulness porque isso era visto como uma coisa esotérica e espiritual. Mas está a mudar”, explica Christopher Lyddy, doutorando em comportamento organizacional na Case Western Reserve’s Weatherhead School of Management, em Cleveland, Estados Unidos.
O mindfulness, a atenção plena ao momento presente, emergiu da filosofia budista e vem sendo cultivado há milénios através da prática da meditação. Organizações como a Google, Aetna, Mayo Clinic ou o Corpo de Marines dos Estados Unidos usam o treino em mindfulness como forma de melhorar o desempenho nos locais de trabalho. Os resultados deste novo estudo apontam que tal pode resultar numa melhoria de funcionamento em várias áreas das organizações.
“Quando se está mindful, consegue-se uma maior consciência do presente. Isso é fundamental para qualquer executivo ou gestor, os quais a qualquer momento podem se deparar com vários problemas que necessitam de uma decisão debaixo de stress”, diz Christopher Lyddy.
Christopher Lyddy é co-autor da investigação, juntamente com Darren Good, doutorado na Weatherhead School e atualmente professor assistente na Pepperdine University’s Graziadio School of Business and Management. Os dois cientistas lideram uma equipa multidisciplinar, a qual inclui especialistas em gestão, mindfulness, psicologia e neurociência.
Os pesquisadores analisaram 4.000 trabalhos científicos sobre vários aspectos do mindfulness, condensando a informação num detalhado guia onde é documentado o impacto do mindfulness sobre como as pessoas pensam, sentem, agem, se relacionam e o seu desempenho no trabalho. As conclusões – Contemplating Mindfulness at Work (An Integrative Review) – foram recentemente publicadas no Journal of Management.
“De forma clara, os cientistas descobriram que os efeitos do mindfulness são consistentemente benignos. Das centenas de estudos empíricos que lemos, apenas dois referiam algum aspeto negativo em relação ao mindfulness”, diz Christropher Lyddy.
Os estudos, ainda limitados mas em claro crescimento, que estão a ser desenvolvidos na área da gestão indicam que o mindfulness está ligado a um melhor funcionamento do trabalho. Entre as principais conclusões desta nova análise estão:
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O mindfulness aparenta ter, no seu conjunto, um impacto positivo ao nível humano. Pesquisas em áreas como a psicologia, neurologia e medicina fornecem um conjunto de evidências sobre o efeito positivo do mindfulness a nível cognitivo, atenção, emoções, comportamento e fisiologia.
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O mindfulness tem mostrado melhorar, especificamente, três qualidades da atenção: estabilidade, controlo e eficiência. Está estimado que a mente humana divaga durante, aproximadamente, metade do tempo em que estamos acordados; no entanto, o mindfulness tem a capacidade de estabilizar a nossa atenção no presente. Indivíduos que completaram cursos de mindfulness deram mostras de permanecer mais tempo atentos, quer em relação a tarefas ligadas à visão como à audição.
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Embora o mindfulness seja uma qualidade individual, começam a aparecer evidências que sugerem os seus efeitos no comportamento interpessoal e no relacionamento em grupo de trabalho.
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O mindfulness pode favorecer as relações através de uma maior empatia e compaixão, sugerindo que a prática da atenção plena pode fazer melhorar os processos de liderança e de trabalho de equipa nas empresas.