Treinar o cérebro, aumentar a autoconfiança

A autoconfiança é uma qualidade necessária ao sucesso, seja nos negócios, nas relações sociais ou na vida em geral. Trata-se, no entanto, de uma característica não só subjectiva como, por vezes, mal entendida. Da timidez penosa à autoconfiança arrogante, o que é que leva alguém a pensar aquilo que pensa e sente sobre si?

Por Jennifer Gibson | Linda Woods (pintura)
in BrainBlogger  ver artigo original

Um novo estudo revela a descoberta de padrões de actividade cerebral associados à autoconfiança; e, mais, que as pessoas podem ser treinadas nesse sentido.

Esta investigação, publicado na revista científica Nature Communications, utilizou a imagiologia cerebral e um método de ativação neural chamado de “Descodificação Neurofeedback”, para analisar padrões de actividade cerebral em 17 jovens adultos. Numa primeira fase, a equipa de cientistas identificou os padrões de actividade cerebral ligados aos níveis de autoconfiança do grupo, através da interpretação de alguns exercícios de percepção comportamental – sempre que os investigadores detectavam um estado de autoconfiança elevado, era atribuída uma pequena compensação monetária aos participantes; simultaneamente, no final de cada tarefa, os membros do grupo de estudo classificavam os seus próprios níveis de confiança. No final do teste, o grupo acabou por, inconscientemente, aumentar os seus níveis de autoconfiança em tempo real, muito embora desconhecesse o método empregue pelos investigadores.

A autoconfiança é, de uma forma geral, uma convicção do indivíduo nas suas capacidades. Trata-se de um complexo estado emocional interno, o qual é influenciado por uma multiplicidade de factores, que descreve como nos sentimos em relação a nós próprios. A falta de autoconfiança pode conduzir a timidez, ansiedade social, baixa assertividade, dificuldades de comunicação e problemas psicológicos vários. Estes factores, podem, por sua vez, impactar negativamente ao nível da actividade física, das relações familiares e do desempenho socioprofissional.

Até agora, a autoconfiança tem vindo a ser avaliada através da introspecção e da análise pessoal. Recentemente, no entanto, a profunda subjetividade da sua natureza começou a ser examinada como uma qualidade objetiva. Através da imagiologia funcional, os cientistas estão a começar a desenvolver modelos neurais relacionados com os sentimentos de autoconfiança, sendo que estas novas descobertas têm importantes implicações, não apenas nos campos da psiquiatria e da psicologia, mas também na compreensão do comportamento e da tomada de decisões.

Independentemente da objetividade inerente às medições da actividade do cérebro, o retrato (“look” e “feeling”) da autoconfiança não só não será idêntico em todos os indivíduos, como continuará a ser, em grande parte, um fenómeno individual. Embora este novo estudo não dê qualquer orientação que possa servir para aumentar índices pessoais de confiança fora do ambiente laboratorial, ele sustenta, no entanto, a perspectiva de que a autoconfiança é dinâmica e flexível. A descoberta de que ela pode ser alterada pelo treino do cérebro poderá ser um passo em frente no entendimento pela comunidade científica em como e porquê existem determinados estados mentais e o que poderá ser feito para os alterar.
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Referências
– Cortese A, Amano K, Koizumi, A, et al. Multivoxel neurofeedback selectively modulates confidence without changing perceptual performance. Nat Commun. 2016;7:13669. PMID: 27976739.
– Fleming SM, Maniscalco B, Ko Y, et al. Action-specific disruption of perceptual confidence. Psychol Sci. 26(1):89-98. PMID: 25425059.
– Kepecs A, Mainen ZF. A computational framework for the study of confidence in humans and animals. Philos Trans R Soc Lond B Biol Soc. 2012;367(1594):1322-1337. PMID: 22492750.
– Kepecs A, Mensh BD. Emotor control: computations underlying bodily resource allocation, emotions, and confidence. Dialogues Clin Neurosci. 2015;17(4):391-401. PMID: 26869840.

  • Traduzido por Mindmatters

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