Ser mais ‘mindful’ é ser mais autêntico

Estudo australiano diz que as pessoas mais ‘mindful’ podem ser mais felizes por agirem mais de acordo com os seus valores.
Por Kira M. Newman | Shino Arihara (ilustração)
in Greater Good | 31 de outubro de 2016  ver artigo original
Para muita gente, o mindfulness é uma ferramenta de relaxamento, uma forma de cultivar a calma e a tranquilidade num mundo frenético. Porém, a atenção plena é muito mais do que um calmante. “Às vezes quando estou a meditar não consigo parar de sorrir”, disse-me recentemente uma praticante bastante experiente. “Apetece-me saltar dali e correr atrás dos meus sonhos!”. Estranho? Nem por isso.
Segundo um novo estudo, uma das razões porque o mindfulness melhora o nosso bem-estar é por nos encorajar a agir com autenticidade, isto é, a atuarmos de acordo com os nossos valores.
Um grupo de investigadores australianos estudou mais de 800 pessoas, a maior parte delas estudantes pré-universitários, sobre os seus níveis de mindfulness, bem-estar e de “ações assentes em valores”.
Os atos assentes em valores refletem o nosso progresso em direção àquilo que nos é importante – objetivos, desenvolvimento pessoal e propósitos de vida – e em que medida nos deixamos distrair ou desencorajar ao longo do processo. Por exemplo: se valorizamos a compaixão, pontuamos mais se tirarmos tempo durante uma semana muito preenchida para estar presente a um amigo em dificuldade. O mindfulness medido neste caso seria sobre a capacidade da pessoa para permanecer focada, minimizar os fatores distrativos e de se abster de julgamentos sobre os seus pensamentos e emoções.
Na análise aos dados recolhidos, os cientistas constataram que as pessoas mais mindful apresentavam valores mais altos de bem-estar, sendo em grande parte essa ligação atribuída ao facto de agirem mais de acordo com os seus valores. Foi este o caso em vários tipos de bem-estar medidos no estudo, incluindo os níveis gerais de satisfação com a vida, a quantificação de emoções positivas e negativas experimentadas recentemente e quais os níveis de satisfação em relação aos próprios, às suas relações e à sua confiança no futuro. Ou seja, uma das razões porque o mindfulness pode ser tão benéfico é porque nos ajuda a traduzir em ação os nossos valores e a viver assim de forma mais autêntica.
Embora o estudo não possa provar que o mindfulness provoca um comportamento mais autêntico – o que por sua vez provoca mais bem-estar -, há razões para acreditar que possa ser esse o caso. O trabalho de follow-up (ainda por publicar) liderado por Alison Christie, mostra evidências de um nexo de causalidade, onde a prática de mindfulness parece fazer aumentar o número de atos assentes em valores, o que por sua vez está ligado a um maior bem-estar no futuro.
Quando perseguimos coisas que nos são importantes – seja uma nova aposta profissional ou uma relação amorosa – sentimo-nos, às vezes, sufocados pelo medo e pela dúvida. O mindfulness pode nos ajudar a reconhecer estas emoções e a trabalhá-las em vez de ficarmos amarrados e paralisados na inação. E também nos pode ajudar a notar e a considerar oportunidades que vão aparecendo (“ela mencionou que a empresa onde trabalha está a contratar; talvez fosse uma boa oportunidade para mim”) em vez de continuarmos simplesmente a andar em frente, em piloto automático, sem nunca nos desviarmos do caminho. O mindfulness pode ainda nos dar aquele extra de ponderação de que por vezes precisamos no nosso dia a dia para nos recordar os nossos valores: saber dizer não a obrigações que nos vão consumir, ser paciente com os nossos filhos ou cuidar do nosso corpo.
A vida é plena de grandes e pequenas decisões, as quais podem ser orientadas, ou por aquilo que nos é verdadeiramente importante, ou pelo medo, pelo stress e pela inércia. O mindfulness pode nos ajudar a permanecer verdadeiros aos nossos valores, seguindo-os rumo a uma vida melhor.
Tradução para português por Mindmatters

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