As temperaturas globais e o nível do mar continuam a aumentar. A partir de 2020, os efeitos mais nefastos das alterações climáticas poderão tornar-se irreversíveis. Cientistas e diplomatas propõem um conjunto de medidas para evitar que se chegue a um ponto de não retorno. Prazo: três anos.
Por Gustavo Sampaio
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A devastação do planeta Terra por causa das alterações climáticas pode parecer um cenário de ficção científica, ou remetido para um futuro distante, mas os efeitos já estão a fazer-se sentir. De acordo com um artigo da Business Insider, a taxa média de subida do nível do mar aumentou 50% nas últimas duas décadas, globalmente. Em 2017, as temperaturas superaram os níveis mais elevados de sempre (pelo menos desde que há registos) em algumas áreas, nomeadamente na Califórnia e no Vietname. E os últimos três anos foram os mais quentes da História, salienta o mesmo artigo.
Posto isto, seis proeminentes especialistas em alterações climáticas (como o físico Stefan Rahmstorf ou a diplomata Christiana Figueres, ex-secretária executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas) publicaram uma carta aberta, na qual definem um prazo de três anos até os piores efeitos das alterações climáticas se tornarem irreversíveis. Os seis especialistas apelam aos governantes, empresários, cientistas e cidadãos para que sustenham a emissão de gases com efeito de estufa. Se as emissões forem reduzidas permanentemente até 2020, sublinham, o aumento das temperaturas globais não atingirá um ponto de não retorno que teria efeitos catastróficos.
A carta aberta lança um alerta sobre alguns desses efeitos: rápida deflorestação, cheias resultantes da subida do nível do mar e mudanças climáticas imprevisíveis que poderão arrasar a agricultura e afectar a vida nas zonas costeiras, onde se concentra a maior parte das pessoas. Após o diagnóstico, os especialistas propõem um conjunto de objetivos para concretizar até 2020: aumentar em 30% a quota de eletricidade produzida por energias renováveis; planear o término da utilização de combustíveis fósseis até 2050; assegurar que 15% de todos os novos veículos vendidos são elétricos; aplicar medidas de combate à deflorestação; entre outros.